Dislipidemias: Conheça as Causas, Sintomas e Tratamentos

Dra. Marina Maia • 13 de julho de 2024

A Dislipidemia é um termo que se refere a alterações nos níveis de lipídios (gorduras) no sangue, incluindo colesterol e triglicerídeos.


Este artigo discutirá a relação entre Dislipidemia e doenças cardiovasculares como infarto e AVC, os diferentes tipos de lipídios e seus valores normais, além de orientações sobre o tratamento para quem está com o perfil lipídico alterado.


O que Significa Ter “Colesterol Alto”?

Inicialmente, é bom esclarecer que o termo “colesterol” é usado popularmente para abranger todos os tipos de “lipídios”. Mas neste rol se incluem o colesterol total e seus subtipos, além dos triglicerídeos.


O colesterol é a junção de uma partícula de lipídeo (gordura) com uma proteína, formando então as lipoproteínas. Existem vários subtipos de colesterol. Os mais conhecidos são o HDL (lipoproteínas de alta densidade) e o LDL (lipoproteína de baixa densidade).


O colesterol LDL é também chamado de colesterol “ruim”, pois já se provou a relação direta de altos níveis de LDL e o aumento do risco de doenças cardiovasculares.


As decisões sobre o início de medicações e as metas terapêuticas se baseiam sempre no nível de colesterol LDL.


Há várias classes de medicamentos que já se provaram eficazes em reduzir os níveis de LDL, causando, assim, uma redução no número de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.

Já o colesterol HDL é considerado o colesterol “bom”. Altos níveis de HDL são um indicador de menor risco cardiovascular.


Infelizmente, ainda não temos nenhuma medicação que aumente os níveis de HDL resultando em benefícios concretos.

Os triglicerídeos não são colesterol.


Eles são outro tipo de gordura, mas também estão associados a um aumento no risco cardiovascular. Esta relação tem sido muito pesquisada recentemente e vários estudos estão em andamento para avaliar qual é o seu papel exato no desenvolvimento de doenças cardiovasculares.


O que Causa o “Colesterol Alto”?

Várias situações podem levar a alterações metabólicas resultando em Dislipidemias.


Doenças da tireoide, dos rins, do fígado e até mesmo o uso de alguns medicamentos como anticoncepcionais, diuréticos e anabolizantes, podem contribuir para o desbalanço da produção de colesterol.


No entanto, a maior parte das dislipidemias tem o componente genético como principal causa. Isso quer dizer que muitas pessoas têm uma predisposição genética a apresentar alterações do colesterol, principalmente se houver fatores que facilitem esse processo, como ingestão de alimentos muito gordurosos, sedentarismo, tabagismo e obesidade.


Mas Qual é o Grande Problema em Ter Colesterol Alto?

Diversos estudos já mostraram uma relação contínua entre os níveis de colesterol no sangue, em especial o LDL, e o desenvolvimento de aterosclerose (placas de gordura nas artérias).


O infarto agudo do miocárdio costuma ser a primeira manifestação da doença aterosclerótica em cerca de 50% dos indivíduos que possuem essa complicação. Por isso, o controle do colesterol é imperativo na prevenção de doenças como o infarto e o AVC.


Quem Está Mais Sujeito a Ter Colesterol Alto?

Existem indivíduos que estão mais predispostos às Dislipidemias. São aqueles que possuem outros fatores de riscos associados, como diabéticos, hipertensos, tabagistas e obesos.


Uma das estratégias mais eficazes de prevenção é a identificação de todos esses fatores e o tratamento com metas terapêuticas de acordo com o risco cardiovascular de cada indivíduo.


Quais São os Níveis de Colesterol que São Considerados Altos?

Os níveis ideais de colesterol devem ser individualizados. Dependendo dos problemas de saúde que você possui, dos seus riscos cardiovasculares globais, as metas variam.


Em geral, as metas para pessoas que ainda não têm doença cardiovascular são:

  • Colesterol total abaixo de 200
  • Colesterol LDL abaixo de 130
  • Colesterol HDL acima de 60
  • Triglicerídeos abaixo de 150


O que Devo Fazer se o Meu Colesterol Está Alto?

O seu cardiologista fará uma avaliação individualizada para determinar qual é o seu risco de ter um infarto ou AVC nos próximos 10 anos. É o que chamamos de risco cardiovascular global!


Ele é calculado com base nos níveis de colesterol, na idade, na presença de pressão alta ou diabetes e na presença de tabagismo ativo ou prévio.


Dessa forma, podemos decidir quais são suas metas ideais de colesterol, se será necessário o uso de medicações ou se precisará de outros exames (como o escore de cálcio coronariano, por exemplo).


Qual é o Tratamento do “Colesterol Alto”?

Existem muitos medicamentos diferentes que podem ser usados para baixar o colesterol. Alguns ajudam seu corpo a produzir menos colesterol, outros impedem a absorção da gordura dos alimentos e existem aqueles que ajudam seu corpo a se livrar do colesterol mais rapidamente.


Os medicamentos mais usados para tratar o colesterol alto são chamados de “estatinas”. As estatinas disponíveis incluem a sinvastatina, a atorvastatina, a rosuvastatina e a pitavastatina. A medicação atua diminuindo a produção de colesterol pelo organismo e aumenta a remoção do colesterol pelo fígado, de modo que reduzem os níveis de colesterol LDL em até 55%.


Embora a maioria das pessoas tolere bem as estatinas, existem alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, principalmente dores musculares e fraqueza. Existe também o potencial de desenvolver diabetes naqueles que já possuem pré-diabetes. Usar doses baixas e manter um acompanhamento médico com frequência pode evitar esses problemas, mas, caso contrário, podemos lançar mão de outras medicações.


A ezetimiba bloqueia a capacidade do corpo de transportar o colesterol, reduzindo seus níveis no sangue em torno de 25%. Geralmente é prescrita em combinação com uma estatina, mas também pode ser usada sozinha. Possui poucos efeitos colaterais.


Os inibidores de PCSK9 como o evolocumabe e o alirocumabe são administrados por injeção a cada duas a quatro semanas. Eles agem retirando o LDL da circulação mais rapidamente e possuem poucos efeitos colaterais. No entanto, são caros e seu uso é limitado a pacientes que não atingem a meta terapêutica com as outras medicações ou são intolerantes a elas.


Os fibratos como o fenofibrato e o ciprofibrato agem na redução dos triglicerídeos, e conseguem reduzir seus níveis em cerca de 70%. Também podem causar problemas musculares, assim como as estatinas, e se usados juntos o cuidado deve ser redobrado.


E o ômega-3? Peixes oleosos, como anchova, sardinha e salmão, contêm dois ácidos graxos importantes chamados ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA).


Acreditava-se que suplementos de óleo de peixe em baixas doses (1g) proporcionassem benefícios cardíacos, mas grandes estudos não encontraram benefício significativo, portanto, não são mais recomendados. Atualmente está em estudo uma medicação que contém altas doses de EPA purificado (4g), e até o momento tem mostrado resultados promissores, mas ainda inconclusivos.


Consigo Baixar Meu Colesterol sem Medicamentos?

Depende. Em alguns casos, principalmente naqueles com valores pouco alterados, você consegue diminuir o colesterol com mudanças no seu estilo de vida e evitar tomar medicações. Em outros casos, isso pode não ser suficiente.


De toda forma, todos devemos aderir a medidas que reduzem o colesterol e são comprovadamente saudáveis. Veja alguns exemplos:

  • Evitar o consumo de carne vermelha, manteiga, frituras, queijos e outros alimentos com muita gordura saturada, ajuda a reduzir o colesterol LDL, ou colesterol “ruim”.
  • Evitar o consumo de alimentos açucarados, frituras e excesso de álcool, ajuda a diminuir os triglicerídeos.
  • Trocar o óleo de cozinha, manteiga ou banha de porco, por azeite, ajuda a aumentar o HDL, o “colesterol bom”.
  • Se você está acima do peso, emagrecer ajuda a melhorar o perfil de todos os tipos de colesterol.


Conclusão

A dislipidemia é uma condição que exige atenção e cuidado contínuo. Embora muitos fatores possam influenciar os níveis de lipídios no sangue, um estilo de vida saudável e um acompanhamento médico regular são fundamentais para prevenir complicações graves como infarto e AVC.


Com a orientação adequada e um plano de tratamento personalizado, é possível controlar os níveis de colesterol e manter o coração saudável.


Lembre-se, pequenas mudanças no seu dia a dia podem fazer uma grande diferença na sua saúde a longo prazo. Cuide bem do seu corpo e ele cuidará bem de você. A prevenção começa com escolhas inteligentes e um compromisso com o bem-estar.

Dra. Marina Maia

Cardiologista | CRMSP 219413  RQE 13790

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A aterosclerose é uma condição na qual depósitos de gordura, ou “placas”, se acumulam nas artérias do corpo. Esta condição pode afetar artérias em todo o corpo, sendo mais problemática no coração, cérebro, rins e membros. Segundo a Organização Mundial da Saúde, doenças cardiovasculares ligadas à aterosclerose são responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes no mundo, totalizando quase 15 milhões de óbitos por ano, a maioria (9 milhões) em países em desenvolvimento como o Brasil. Tipos de Aterosclerose: Doença Arterial Carotídea : Afeta as artérias carótidas que levam sangue ao cérebro, podendo causar acidente vascular cerebral (AVC). Doença Arterial Coronariana : Afeta as artérias coronárias que levam sangue ao músculo cardíaco, podendo causar infarto do miocárdio. Placas nas artérias coronárias podem romper, formando coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo e causam ataques cardíacos. Estenose da Artéria Renal : Afeta as artérias que levam sangue aos rins, podendo causar hipertensão e doença renal crônica. Doença Arterial Periférica : Afeta as artérias que levam sangue aos braços e pernas, causando dor, formigamento ou dormência nas pernas ao caminhar.